A cidade de São Paulo precisa criar 698 mil moradias para zerar a demanda habitacional até 2030. A projeção é de uma pesquisa realizada no ano passado pela consultoria econômica Econnit, a partir de uma encomenda da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), diante do déficit que até então já computava a necessidade de 369 mil domicílios, segundo o Plano Municipal de Habitação (PMH). Isso sem contar a população em situação de rua, que, de acordo com o último censo, chegava em 32 mil pessoas no município.
Se de um lado o cenário paulistano apresenta números que, muitas vezes representam famílias inteiras, do outro há degradação e abandono de edifícios no centro. Para resolver essa questão e proporcionar segurança habitacional, garantindo à população o direito constitucional de acesso à moradia, o Crea-SP criou o Grupo de Trabalho Multidisciplinar de Desenvolvimento Urbano e Habitação.
“Tivemos uma experiência recente com o grupo de trabalho de infraestrutura que resultou em um relatório-diagnóstico do sistema de logística e transportes estadual, um estudo que foi entregue para o governo com propostas de soluções que devem ser revertidas na prática para integração de modais e melhor gestão do fluxo de cargas e pessoas. Isso mostra o quanto o Crea-SP tem um papel importante de facilitador e pode contribuir cada vez mais com a administração pública”, explica o presidente do Conselho, Eng. Vinicius Marchese.
O GT é formado por especialistas das áreas de Engenharia, Arquitetura, Economia e Gestão Pública em articulação com a Secretaria Municipal de Habitação para promover ações conjuntas que possam requalificar o centro para acolher a demanda populacional. Isso porque, apesar de pautar projetos e iniciativas de desenvolvimento urbano servindo de referência para outros municípios em temas de trabalho e renda, a região central é marcada por um desequilíbrio estrutural.
Uma possibilidade de reverter essa situação para oferecer moradia digna, acolhendo todos os perfis demográficos, e recuperar o centro é por meio da revitalização. “Já está claro que iniciativas solitárias não são capazes de transformar e requalificar o centro. O governo do Estado tentou. A Prefeitura tentou. Empresas tentaram. Falta, então, esse diálogo e ações simultâneas para que a região tenha mais habitação, mais movimento noturno e aos finais de semana, mais educação, mais infraestrutura de lazer. Tanto para quem mora quanto para quem transita ou visita a cidade”, afirma o jornalista Raul Juste Lores, autor do livro “São Paulo nas Alturas” e idealizador do projeto multidisciplinar que deu origem a essa ação do Crea-SP com os especialistas.
Para chegar nesses resultados, o GT se propõe a elaborar um relatório de análise de propostas possíveis de serem consolidadas com a expertise da área tecnológica e dos agentes públicos; realizar um fórum de desenvolvimento urbano e habitação com sociedade civil, gestores da administração municipal e profissionais; e oferecer capacitações para atualização profissional àqueles que atuam nestas frentes. “O que vamos fazer agora é focar nossos esforços em trazer experiências do exterior e políticas públicas baseadas em evidências para, assim, fazer uma cidade e um centro mais vivo, aberto às pessoas”, conclui o economista Matheus Hector Garcia.
Além dos especialistas citados na matéria, integram o grupo de trabalho criado pelo Conselho: a arquiteta e consultora em políticas públicas Maria Teresa Diniz; o advogado Wilson Levy, doutor em direito urbanístico e diretor do programa de pós-graduação em cidades inteligentes sustentáveis da Uninove; e o arquiteto e urbanista Lourenço Gimenes. O Prof. Dr. Miguel Luiz Bucalem, titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), foi convidado como especialista de Engenharia Civil para participar do GT e deve acompanhar os próximos encontros do grupo.
Produzido pela CDI Comunicação